Um homem foi preso preventivamente nesta terça-feira (10/6) pela Polícia Civil do Pará por tortura majorada contra seus quatro filhos menores de idade. As autoridades descobriram que o pai filmava as agressões e enviava os registros para a própria mãe do suspeito, que reside na China.

A prisão foi executada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) com apoio da Divisão de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Data) em Belém. Hua Zheng submetia os filhos a diversos tipos de violência física e psicológica, documentando os atos em vídeos.

O caso começou a ser investigado em 29 de janeiro de 2025, quando Zheng foi inicialmente detido por ameaçar sua esposa com uma faca. Durante o depoimento, a mulher informou às autoridades que tanto ela quanto os quatro filhos do casal sofriam agressões constantes.

As crianças, com idades de 11, 9, 7 e 4 anos, aparecem nos vídeos pedindo socorro enquanto são agredidas. Após a denúncia da esposa, a polícia instaurou um inquérito para apurar as lesões corporais contra os menores.

Os crimes ocorreram na residência da família em Belém. A operação policial que resultou na prisão preventiva foi denominada "Dragão de Jade".

Durante as buscas na casa de Zheng, os investigadores encontraram vídeos que documentam as agressões e mostram as lesões nas crianças. Em um dos registros, o pai aparece agredindo a filha com tapas no rosto e exibindo os hematomas pelo corpo da menina.

Conforme apurado pela DPCA, as crianças eram agredidas com barra de ferro, cabo de vassoura e cabides. A única menina entre os quatro filhos teve o cabelo raspado contra sua vontade como forma de punição.

A investigação ainda não determinou por quanto tempo as crianças foram submetidas aos abusos antes da denúncia em janeiro deste ano.

Após a coleta de provas, a DPCA solicitou a prisão preventiva de Zheng e a apreensão de seu celular, que foi encaminhado para perícia. O aparelho contém os vídeos que o homem enviava para sua mãe na China.

A delegada Caroline Batista, titular da DPCA, explicou a natureza dos crimes: "Ele se aproveitava da autoridade de pai para causar sofrimento físico e psicológico, de forma intencional, nas crianças em forma de 'castigo pessoal', incidindo no crime de tortura majorada".

Segundo as autoridades, após as gravações, Zheng enviava os vídeos para sua mãe na China como forma de se vangloriar e demonstrar poder sobre a família no Brasil.