A temporada Minas S/A Gestão & Marca tem hoje o terceiro episódio, com Leonardo Pena, vice-presidente da Ausenco do Brasil, nas plataformas de O TEMPO.

Multinacional australiana, a Ausenco (Australian Engineering Company) está há mais de 30 anos no mercado mundial com presença em 15 países.

No Brasil, a Ausenco está há 18 anos e tem sede em Belo Horizonte (MG).

Criada com um propósito de sempre buscar a melhor solução para as empresas, a Ausenco ajuda o investidor no desenvolvimento do negócio desde a ideia do projeto até o funcionamento da planta industrial com a confirmação da qualidade do produto que foi idealizada no estudo de viabilidade.

A Ausenco tem projetos de terras raras, cobalto, níquel, titânio, lítio, nióbio, além do minério de ferro numa diversidade que engloba 10 commodities no total.

Com o mote “find a better way”, Leonardo explica que a Ausenco está sempre encontrando o melhor caminho para o cliente.

Engenheiro metalúrgico, Leonardo é mineiro nascido em Belo Horizonte.

Leonardo explica que a Ausenco tem um plano de crescimento, talentos, processos e tecnologias baseados nos 4 pilares principais da empresa com a visão de ser uma companhia reconhecida mundialmente e com pessoas inspiradas.

Todas essas estratégias fizeram com que a Ausenco dobrasse de tamanho e crescesse 100% nos últimos dois anos no Brasil.

Com 300 pessoas na unidade brasileira, a tendência é crescer em faturamento e em número de pessoas.

A seguir, a entrevista na íntegra que também pode ser vista em vídeo: 

HL: Leonardo, tudo bem? Muito obrigado por ter vindo aqui no estúdio da Minas SA para a gente bater esse papo sobre a Ausenco e sobre uma área tão importante na nossa economia mineira. A Ausenco que, no Brasil, tem sede em Belo Horizonte, Minas Gerais, né, então assim, seja bem-vindo pra gente bater esse papo. 
 
LP: Muito obrigado, Helenice, e aos colegas e telespectadores que estão acompanhando o nosso bate papo aqui. É isso, a Ausenco é uma empresa que o próprio nome já explica bastante “Australian Engineering Company”, que é a sigla, é o significado, e ela é uma empresa com mais de 30 anos de mercado, foi criada com um propósito de sempre buscar a melhor solução, e esse buscar a melhor solução conecta a Ausenco com empresas que a gente chama de juniors, também com as empresas maiores, as empresas que a gente tem como os main players, as principais empresas de mineração do mundo. E essa conexão com os juniors que demandam um pouco mais de interação para verificar, eventualmente, a viabilidade de um negócio, ela começa, às vezes, com pouca informação, e às vezes o investidor não conhece do segmento da mineração. 
 
HL: Às vezes é um investidor de outra área que viu um ativo interessante no mercado que ofereceram pra ele, “olha, compra essa empresa aqui de cobre, de lítio, de cobalto e investe”. Aí ele compra, só que aí ele vai começar um projeto greenfield, né, do zero.  
 
LP: Exatamente. Muitas vezes ele tem só a propriedade, entendeu?  
 
HL: Só ali a empresa e tudo por fazer. 
 
LP: E aí ele começa a avaliar qual seria o valor do investimento inicial, qual seria o retorno, o que a gente chama de viabilidade. Os custos operacionais… a gente ajuda esse tipo de empresa e de investidor no desenvolvimento do negócio, desde a ideia até a implantação da planta funcionando, produzindo. 
 
HL: Até ela vender no mercado, da mina até o porto, né? 
 
LP: Até a confirmação da qualidade do produto que foi idealizado lá no início do estudo de viabilidade. Então a gente acompanha lá no estudo de viabilidade, muitas vezes ele tem que fazer uma captação no meio do caminho, quando ele prova essa viabilidade, ele faz uma captação no mercado. 
 
HL: A Ausenco conhece muita gente… 
 
LP: E te conecta e garante que aquela solução é uma solução viável. Então te dá o lastro que ele precisa para poder conseguir o aporte, e no sequenciamento, que vem depois da parte de engenharia, de aquisições, de compras, até chegar na construção, também com e na parte licenciamento. Então a gente olha o negócio por todos os ângulos, desde os impactos até mesmo a construção, a gente chama de comissionamento, quando está começando a produzir, a fase do ramp-up, e vai até entregar o produto com a qualidade final. 
 
HL: E não é só ali enquanto está no projeto, não é, Leonardo? É no pós-venda também, quer dizer, a empresa vai acompanhar a vida daquela mineradora ali? 
 
LP: Sim. 
 
HL: É um projeto perene, tem um longo prazo aí, não é? Um plano plurianual. 
 
LP: Perfeito. É por isso que a gente gosta de usar muito a expressão “parceiros”, porque mesmo depois que a planta entrou em operação, a gente tem soluções para os ativos, para garantir que aqueles ativos vão ter um plano de manutenção adequado e que eles vão ser utilizados da melhor forma possível. Então a gente trabalha, mesmo depois da planta operando, com esse e que é desde os ativos, fisicamente dos ativos, da manutenção dos ativos, até mesmo, eventualmente, quando o mercado muda e a gente tem que fazer uma adequação do produto final, o que a gente tem que mudar na rota de processo para poder permitir que aquele cliente continue tendo um produto com valor agregado alto no mercado.  
 
HL: E aí, o que eu estou entendendo é que vocês têm um mote, não é? Lendo sobre a Ausenco, é o “find a better way”, quer dizer, sempre tentando encontrar o melhor caminho, porque o projeto muda, não é? Muda de dono, também muda o ativo, acrescenta um ou não, não é? 
 
LP: Perfeito. 
 
HL: Como é isso? Porque é uma luta, uma busca constante, não é, Leonardo? Ter que encontrar sempre o melhor caminho aí, né? 
 
LP: Esse “find a better way” foi idealizado lá pelos fundadores da empresa, ele se reflete em tudo, nas dificuldades que a gente tem do mercado, nas dificuldades que a gente encontra, às vezes, para encontrar melhor solução técnica, pensar fora da caixa, às vezes buscar soluções alternativas, inovar nas coisas que são pequenas. Quando a gente está conversando com um cliente, ele sempre espera que a gente tenha uma solução disruptiva, e às vezes uma solução simples aplicada num empreendimento muito grande torna aquele empreendimento viável.  
 
HL: Você pode dar um exemplo? 
 
LP: Sim, posso. Posso dar um exemplo recente. Nós tivemos um cliente que chegou no nosso escritório e ele tinha um problema de viabilidade do negócio, ele falou assim “olha, com esse investimento, com esse capex,o meu projeto não é viável. O que a gente pode fazer?” E aí começa uma relação de parceria, porque os nossos clientes conhecem mais do que nós que estamos chegando ali, então a gente tem que ter uma interação constante com esse cliente para encontrar uma solução que torne aquele empreendimento viável. Nesse caso específico, em 45 dias a gente idealizou uma solução que reduziu em torno de 30% o valor do investimento, do capex da construção da planta, sem alterar nenhuma rota do processo. Então são soluções de engenharia que a gente tem esse know how para tornar as plantas mais… a gente chama de lean design, que são plantas menores que vão demandar menos recursos, que vão demandar uma supressão vegetal menor, e além de dizer o seguinte, que nesse caso especificamente, quando a gente calcula a pegada de carbono que seria originalmente proposta na solução inicial, e na nossa solução hoje desenhada, ela reduziu em 25%. 
 
HL: Quer dizer, reduziu 25% o investimento, o dinheiro que ia ter que deixar por conta daquele projeto, ela vai poder usar em outras formas dentro da operação. Melhora a performance, melhora a produtividade dela, sobra mais dinheiro para ela aplicar em coisas que são principais ali, não é? 
 
LP: Perfeitamente. A gente diminui o volume de concreto, os prédios são menores, os prédios industriais, os equipamentos estão integrados de forma a entregar uma produção sem gargalos, que a gente chama, então não tem um equipamento sobrando, o outro faltando, então não temos equipamento reserva, a gente garante que os equipamentos que têm vão entregar o resultado previsto. O exemplo que eu gosto de usar é que se a gente fosse pensar… falar dos carros, né, você tem um carro em casa para ir para o trabalho ou para outra finalidade, mas você não tem um carro reserva, porque se seu carro não funcionar, você vai ter um carro reserva. Então você tem que ter um carro que garanta, que te dê a tranquilidade, que vai te atender dentro daquilo que você precisa 
 
HL: Que vai na estrada de terra que você precisar, que vai no asfalto, vai ear, vai fazer uma viagem numa estrada… 
 
LP: Com baixo consumo. 
 
HL: Alta performance, que não vai impactar no seu bolso. 
 
LP: Exatamente, que você vai conseguir adequar para aquela condição que você realmente precisa. 
 
HL: Leonardo, como está essa operação? Como está essa importância do Brasil de exportar ativos, exportar essa expertise na elaboração desses projetos? 
 
LP: Olha, eu sou mineiro, nascido em Belo Horizonte, eu estudei aqui na UFMG… 

HL: Você fez engenharia? 
 
LP: Fiz Engenharia Metalúrgica. 
 
HL: E Minas é toda… a vocação, é um estado minerador, né? 
 
LP: Se a gente for avaliar hoje, todos os principais players do mercado estão aqui em Belo Horizonte, tanto para negócios como também o corpo técnico das empresas está aqui. Só não estão em Belo Horizonte as plantas que têm que produzir, então é mais fácil esse deslocamento acontecer, né, para te dar os es nos diversos projetos em diversas plantas industriais que a gente trabalha, do que ter uma engenharia e um time ando em cada local. Então esse hub que tem hoje em Belo Horizonte, em Minas Gerais, ele vem se consolidando cada vez mais. 
 
HL: Eu acho isso incrível, porque essa formação de mão de obra que a gente tem aqui desde a década de 1940, quando a Vale começou a minerar minério de ferro em Itabira, quer dizer, isso foi desenvolvendo uma mão de obra, uma inteligência na mineração, em produtos minerais, que é uma coisa que a gente tem, é uma herança que a gente tem e que serve agora para o Brasil e para o mundo, não é? 
 
LP: É. Tem alguns clientes que estão vindo para o Brasil e abrindo o escritório, e há uns anos atrás pensava “ah vou montar o escritório em São Paulo ou no Rio de Janeiro”. Hoje em dia não tem mais essa discussão, se é uma empresa que vai trabalhar com mineração, ela vai estar em Belo Horizonte, como se fosse automático. Então essa dúvida já não existe mais.  
 
HL: Nossa, isso é ótimo para a gente, porque continua formando, retendo talentos aqui, tendo essa mão de obra totalmente capacitada né. E eu acho interessante, que assim, você responde pela Ausenco aqui no Brasil e tem feito projetos para todo o mundo, já que a Ausenco é uma multinacional australiana, mas ela está aqui no Brasil há 18 anos. E você me diz que são 10 commodities, né? Que vocês têm projetos… me conta um pouco quais são essas commodities, como que tem sido esse delinear desses projetos. 
 
LP: Deixa eu te contar um pouquinho a história dos últimos 2 anos que ela vai convergir com a sua pergunta. Eu comecei na Ausenco há 2 anos atrás e uma das missões que eu tinha era uma diversificação e um crescimento da empresa no Brasil, que antes era focada muito em minério de ferro, e sistemas também, de transporte de polpa de minério, que a gente chama hoje dos pipelines systems, estações de bombeamento, que ela era mais conhecida. E aí quando eu cheguei na Ausenco, falei “poxa, tenho que crescer, tenho que diversificar no mercado”, e a nossa visão foi que com a transição da matriz energética e com a necessidade de minerais diferentes do que a gente é conversava há alguns anos atrás, eu diria, né, que a gente falava muito de minério de ferro, às vezes era um projeto de ouro, a gente construiu um plano que tinha quatro pilares: crescimento; pessoas, que a gente chama na nossa empresa de talentos; a parte de processos; e a parte de tecnologias, né, então são os quatro pilares principais. E nesse pilar de crescimento tinha sim a diversificação, isso tudo com uma visão aspiracional de que o crescimento é consequência. E aí a nossa visão aspiracional construída com time, com engajamento de todos os colegas, foi o seguinte, olha nós queremos ser uma empresa reconhecida como uma empresa global, mundial, que busca o “find a better way”, né, que busca soluções alternativas, então a gente quer ser reconhecido no mercado como uma empresa que faz diferente, referência em fazer melhor. E segundo, pessoas inspiradas, porque com esses dois objetivos os demais que são os I’s financeiros e do crescimento naturalmente acontecem. Então quando a gente começou a diversificação buscando a melhor solução para cada tipo de negócio, a gente começou a perceber que realmente aquela necessidade que a gente enxergava no mercado por minerais para apoiar a transição da matriz energética, ela já existia no Brasil, e estava aí por fazer, e a gente começou a fazer os estudos com os parceiros. Aí começamos com projetos de terras raras, projetos de cobalto, níquel, titânio, lítio, nióbio, enfim, uma diversidade de commodities que permitiu essa diversificação. E com essa diversificação, e claro com a demanda constante, né, que o minério de ferro tem, o minério de ferro tem uma demanda relativamente constante, ele tem picos de grandes projetos, e esse boom dessa demanda por metais para apoiar essa transição da matriz energética permitiu que a gente, tendo essa diversificação, crescesse nos últimos 2 anos 100%, nós dobramos de tamanho nos últimos 2 anos. 
 
HL: Nossa, isso aí é muito importante para a empresa. 
 
LP: Isso, e com um corpo técnico que eu digo que, na nossa empresa, na Ausenco, a gente tem as pessoas e às vezes um computador, então nós somos uma empresa de pessoas, exclusivamente pessoas, a gente não tem grandes máquinas, são pessoas. 
 
HL: É a inteligência e a expertise dessas pessoas. 
 
LP: Conectadas com o mesmo propósito, inspiradas. 
 
HL: São quantas pessoas? 
 
LP: Hoje, no Brasil, nós temos em torno de 300 pessoas, um corpo técnico. 
 
HL: Para fazer esses projetos todos. E nessa diversificação de portfólio, ela vai continuar aumentando ou desse tamanho já está bom para atender? Porque já é muita coisa atender essas commodities todas aí, não é?
 
LP: A tendência é de crescimento. 
 
HL: É de crescimento em quê? Em faturamento? Em número de pessoas? 
 
LP: Em faturamento e em número de pessoas. O nosso faturamento é proporcional à quantidade de pessoas, que é o nosso principal ativo, são as pessoas. 
 
HL: Leonardo, você já tem esse plano dos próximos anos ou isso não dá para planejar muito? É de acordo com o projeto que vocês estão conquistando no mercado que vocês vão aumentando o pessoal? 
 
LP: A gente tem um plano, esse plano é confirmado todo ano, agora em setembro. Agora que a gente começa a aprovar o orçamento do próximo ano, a gente começa a ter mais clareza de que tamanho a gente pode ser de forma a ter um crescimento sustentável. Os investidores sempre pensam em algo em torno de 2 dígitos de crescimento, né. Eu acredito que é possível, considerando como a gente começa lá na fase inicial do projeto, onde são estudos e ele começa a se materializar, tem alguns projetos agora próximos de começar a fase de construção, já estão prontos para começar a implantação. Então nesses projetos a nossa demanda é crescente. 
 
HL: E é bem maior, né? Aí já é colocar em prática. 
 
LP: Então a gente começa agora, em alguns projetos, a ar por uma fase que é a fase de implantação, de execução, que deve nos permitir continuar crescendo no Brasil. 
 
HL: Leonardo, falando agora sobre diversidade me veio à cabeça a questão da mulher. Eu estou vendo cada vez mais mulheres na mineração e em empresas de produtos minerais em geral, isso também é muito bom, não é, para o setor? 
 
LP: Eu tenho até um pouco de orgulho, porque essa diversidade tem um valor agregado, que são formas diferentes de trabalhar, de enxergar, é a mesma coisa às vezes, né, e o “find a better way” tem muito vínculo em pensar de formas diferentes, então idades, quando a gente fala gerações distintas, e falando especificamente das mulheres, hoje na nossa empresa nós temos mais de 30% que são mulheres. 
 
HL: Olha que legal isso, parabéns! 
 
LP: Mais de 30%, e temos cargos, a nossa diretora, nós temos uma Diretora Operacional que cuida grande parte do negócio também. 
 
HL: Das plantas industriais, ela está diretamente ligada aos projetos industriais, né. 
 
LP: Ela está diretamente ligada aos projetos industriais, então as mulheres… 
 
HL: Gente, que orgulho. Eu fico muito feliz com isso, sabe, por ser mulher e por ver que essa representatividade tem que ser mesmo diversificada para poder ter vários olhares, para encontrar o melhor caminho, essa expansão no olhar, o projeto fica muito melhor, não fica? Porque a mulher tem um outro olhar, não é? 
 
LP: Exatamente. Então essa diversidade e a forma de enxergar o mesmo problema, o mesmo desafio com pessoas distintas traz um valor do que se você tiver uma pessoa ou duas que foram formadas na mesma escola ou que tiveram a mesma criação, então quanto mais diversidade a gente tem, né, e as mulheres chegando hoje… não hoje, né, porque quando eu falo que mais de 30%... 
 
HL: Isso não é de agora. 
 
LP: Não é de agora, isso é uma transição que vem e agora já está se materializando, então em cargos de liderança, de decisão, não só na Ausenco, mas em outras empresas a gente já começa a observar isso também, mas o “find a better way” , o encontrar a melhor maneira tem que englobar isso também, ele busca sim essa diversidade como um fator decisivo. 
 
HL: Muito legal. Nessa diversificação de portfólio que você falou, a Ausenco começou basicamente trabalhando em projetos de mineração, de minério de ferro, e agora ela tem essas 10 commodities aí no portfólio dela, e que são commodities muito diferentes em cada operação, né, e em Estados muito diferentes no Brasil e também no Mundo. Como vocês fazem para performar melhor projetos que às vezes estão ali no início ou já consolidados? Como entra essa obrigação hoje, essa exigência cada vez maior do mercado, do consumidor, do investidor, quer dizer, os projetos estão cada vez mais, não é nem a palavra pressionado, mas com essa necessidade da descarbonização, de uma pegada, né, qual que vai ser a pegada de carbono, como que a Ausenco tem feito nesse novo desafio, dessa nova fronteira, que fica cada vez mais exigente, não é? 
 
LP: Perfeito. É uma pergunta que não tem uma resposta só, mas o DNA da Ausenco, quando ela foi criada, ela já foi criada com uma mentalidade, ou melhor dizendo, com uma forma de pensar nas soluções utilizando menos recursos. Então eu diria o seguinte, a empresa já nasce com uma visão de que as plantas têm que ser mais integradas, tem que produzir mais com menos recursos, com menos insumos, otimizados, então ela já começa com esse mindset, que eu diria, com essa formação, esse know how. 
 
HL: Assim, ela já sabe fazer isso, sabe fazer mais com menos. 
 
LP: E num ambiente muito competitivo, onde ela tinha que gerar melhor solução, menor custo. 
 
HL: É, a gente sabe que tem vários outros players, né, concorrendo com vocês. 
 
LP: Então lá atrás o Zimi Meka, que é o fundador da empresa, ele trouxe esse ingrediente para a empresa. E agora quando a gente começa a enfrentar, a empresa tem mais de 30 anos, agora a gente começa a encarar nos últimos anos uma pressão forte por valor no que a gente diz, tudo aquilo que é relativo à descarbonização, isso começa a ter um valor para todas as pessoas e um valor financeiro também, então a aquilo que a gente pensava que levaria um pouco mais de tempo, o momento é agora. Então a gente não consegue mais não pensar em soluções que tenham como um dos principais propósitos ter plantas que vão ter uma pegada de carbono menor. 
 
HL: É virar a chave mesmo e rapidamente. Eu tenho visto isso muito nas empresas, os CEO’s que eu entrevisto todos eles falam. 
 
LP: Então todos já tem um plano de descarbonização, tem metas e essas metas, em alguns setores, com prazos que são desafiadores.  
 
HL: Eu fico vendo empresa até 2030, até 2050 carbono 0. Gente, vai dar tempo? É muita coisa pra fazer. 
 
LP: São muitos desafios, e ao mesmo tempo você enxerga demanda por minerais, que a gente chama dos minerais para baterias, que são os que a gente estava falando, o lítio, o cobre, nióbio, aí vem junto o grafite, que você precisa, então você tem uma série de minerais que precisam ser produzidos, que a demanda para você usar nas baterias é um fato, né, pode levar um tempo maior ou menor, mas todas os estudos e as pesquisas que a gente acompanha dizem que lá em 2030, 2050, a gente vai começar a enfrentar já as dificuldades de encontrar esses materiais. Então a gente tem que produzir, tem que descarbonizar, e aí vem soluções que trazem para o setor da mineração um desafio de mudar completamente a forma que a gente fazia anteriormente. 
 
HL: Ou seja, o DNA tem que ser modificado. 
 
LP: O DNA tem que ser modificado. Então a gente começa a viver já no dia a dia esses projetos com a finalidade de promover a descarbonização para atingir as metas, e o mercado e os consumidores finais começam a enxergar valor, né, enxergar e cobrar por isso. 
 
HL: Nas marcas, na gestão delas que elas têm que ser sustentáveis. 
 
LP: Então você tem o preço da commodity AA que pode custar X ou 2x. 2x eu acho que não, mas é um valor maior, em torno de 30% mais, com maior valor se tiver uma procedência com o nível de emissão menor, né, ou próximo de zero, utilizando os recursos naturais, água de forma consciente. Então tem muito a ser feito, mas já está sendo feito. A percepção é que ninguém hoje, a gente não vê mais no mercado projetos sendo concebidos ou pensados com aquela mentalidade que existia há muitos anos, então já faz parte do nosso dia a dia, mas os desafios são grandes. 
 
HL: Porque os seus clientes chegam na Ausenco e falam “Ausenco, o que você tem para mim que vai ser mais eficiente, que eu vou economizar, vou ter um ganho de rentabilidade e ao mesmo tempo no mercado esse produto vai fazer com que mais investidores venham para minha empresa e não para o concorrente”, não é? Nessa parte, o que a Ausenco tem para apresentar, Leonardo?  
 
LP: Quando a gente é convidado com esse tipo de pergunta… essa pergunta a gente recebe dos clientes, né, então… 
 
HL: (risos) Porque eles estão recebendo essa pergunta de quem vai comprar o produto deles.  
 
LP: Primeiro a gente tenta fazer um diagnóstico, porque a maior parte das plantas industriais, em mineração principalmente, elas têm gargalos, então a gente identifica onde que está aquele gargalo da produção. E o que seria? Às vezes ele tem equipamentos e máquinas que podem produzir mais, mas porque tem um gargalo num determinado equipamento ele não consegue aumentar a capacidade da planta. Parece óbvio o que eu estou dizendo, mas muitas vezes ele constroi uma outra planta. E aí é todo um investimento, ele vai emitir mais, vai gastar mais recursos e aí ele vai se distanciando das metas. Então a gente faz essa avaliação, encontra onde ele tem um problema, ou melhor, um gargalo, e propõe soluções, a gente propõe soluções pontuais, e claro que, né, às vezes o cliente fala assim “poxa, mas eu queria que você construísse uma outra planta”.  
 
HL: E aí você vem fazer um remendo aqui? (risos) 
 
LP: Você vem fazer um remendo aqui (risos), tá, mas é onde a gente agrega valor, porque para construir uma outra planta, talvez meus concorrentes façam como eu, agora aqui eu consigo te apresentar uma solução diferenciada, né. Então a gente consegue, com isso, ter o engajamento, entender qual é a necessidade do cliente e prover soluções específicas. 
 
HL: E geralmente eles aceitam? 
 
LP: Sim, a gente tem tido muito sucesso. 
 
HL: E o resultado é no final, no bolso ali da empresa, é na hora. E ela consegue mostrar isso para o investidor, para o mercado? Geralmente são empresas que têm capital aberto, né, então na ação delas, elas conseguem transferir isso com os road shows lá que eles fazem, o mercado aceita e assimila na hora? 
 
LP: Aceita. O mercado percebe, primeiro, um aumento do faturamento da empresa sem ter um investimento, isso é sensacional, um investimento menor, além de muitas vezes, quando a gente está fazendo essa comparação para esse empreendimento que seria uma planta nova, ele vai ter que ter o licenciamento, ele vai ter que ter a supressão vegetal. 
 
HL: Tem todo um trabalho que vai demorar. 
 
LP: Então além dele ver aquela receita crescendo rápido, porque quando eu comparo com outro empreendimento que ele tem que ser licenciado ainda, eu digo o seguinte, não é resultado na veia, é imediato, então a busca desses gargalos e pequenas melhorias operacionais, e às vezes algumas tecnologias que não são aplicadas, permitem esse tipo de ganho rápido e de forma sustentável 
 
HL: Você está me lembrando aqui, por exemplo, eu conversei com o Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, e ele falou “olha, a gente tem metas de cada vez menos carbono, menos CO2 na produção do aço”, porque o aço verde para chegar é essa mentalidade, né. No nióbio, também, o CEO da CBMM, Ricardo Lima,  também me falou “nossa, eu cheguei num cliente na Índia, primeira coisa que ele me perguntou foi quais são as suas metas de descarbonização, antes de qualquer coisa, de saber a capacidade de produção, de entregar, de prazos”, porque os clientes estão sendo pressionados pelos consumidores a terem um produto verde, um produto que não está contribuindo para esses efeitos de gases estufa aí na atmosfera. Então, essa nova onda veio para ficar. 
 
LP: Sim, o desafio já é grande hoje e não se pensa mais em conceber nenhuma solução que não tenha a meta da produção do aço verde, do lítio verde, e das commodities de uma forma geral. É o compromisso da engenharia e das soluções com o meio ambiente, né, então as coisas fazem sentido e as pessoas que trabalham na Ausenco sentem orgulho de buscarem soluções como essa, é o propósito. 
 
HL: Estarem contribuindo para o planeta. 
 
LP: Estarem contribuindo para o planeta. Então tem um propósito muito maior, então se veio para ficar, e veio para ficar já incorporado nas pessoas, que é o mais legal, os engenheiros novos hoje a gente observa uma preocupação e um valor alinhado com a vontade da empresa de fazer diferente nesse sentido 
 
HL: Leonardo, nós estamos em Minas Gerais, a gente tem várias dessas commodities aí que você falou, a gente tem aqui no estado. Como está essa questão aqui, a gente tem o Vale do Jequitinhonha, que já está sendo chamado de Vale do Lítio, as empresas todas que querem o lítio estão indo para lá, a gente tem o nióbio lá em Araxá, é uma terra de minério de ferro, não é mesmo, que em alguns lugares tem a questão do descomissionamento de barragens, quer dizer, são vários desafios, várias frentes de trabalho. Como vocês têm visto isso? Tem titânio aqui também, não é, como tem sido assim a elaboração desses projetos? Vocês têm participado? Eu acho que você não pode falar de clientes, porque tem os contratos, mas quais têm sido as demandas maiores para fazer esses projetos e como eles estão sendo delineados? 
 
LP: Hoje a gente tem, eu diria, dois tipos de investidores nessas commodities que não são minério de ferro: tem os investidores internacionais, que são os maiores, que vão buscar essa captação de recurso principalmente no Canadá e na Austrália, né. Os do Canadá, a grande maioria listados na bolsa de Toronto, e da mesma forma os australianos na TSX, que é a bolsa lá da Austrália. Então esses clientes vêm com demandas sem conhecer o país, sem conhecer o estado de Minas Gerais, por exemplo, e a demanda chega para a gente lá no início, quando a gente começa a pensar em como vamos desenvolver o negócio, como a gente vai implantar o projeto, quando a gente fala, por exemplo, do Vale do Jequitinhonha, os projetos de lítio, a gente sabe que tem uma série de investimentos que são necessários em infraestrutura. 
 
HL: Em infraestrutura, né, não tem aeroporto, hotel, restaurantes. 
 
LP: No evento que teve lá, foi um evento de encontro dos principais players e das empresas que podem ajudar na construção desses projetos de lítio, faltou hotel, então tiveram dificuldades. 
 
HL: Acabou a comida nos restaurantes, que eu fiquei sabendo. 
 
LP: Dificuldades básicas, e ao mesmo tempo a gente vê isso como uma oportunidade, porque você trazendo empresas e capital externo, investimentos naquela região, se torna necessário o desenvolvimento da região como um todo, e vem a produção, a gente vem com empresas que vão também pagar tributos. Então para quem conhece o Vale do Jequitinhonha, pensando nesse potencial é sensacional para a sociedade. Existem dificuldades, desafios, mas ele também traz oportunidades. 
 
HL: Várias oportunidades, né, para as pessoas irem para lá. E assim, por exemplo, o minério de ferro, existe uma condição, uma perenidade dele aqui em Minas Gerais? Por exemplo, eu conversei com o prefeito de Itabira, o Marco Antônio, e ele me disse “olha, Itabira, a Vale até nos informes financeiros dela, divulgação de resultados, já falou que lá por enquanto é até 2041”. Os projetos de minério de ferro continuam pujantes, digamos assim, não é, Minas Gerais vai continuar com esse protagonismo no minério de ferro? Onde tudo nasceu, né. 
 
LP: A minha visão é que o minério de ferro sempre teve uma posição de protagonista. Quando a gente fala de Brasil, fala de Minas Gerais, a gente falava há muito tempo em ouro, depois minério de ferro, então a gente tem essa característica, e claro, né, que tivemos grandes investimentos em novas minas, então a gente viveu esse ciclo também de grandes investimentos que agora não está acontecendo no Brasil, mas você tem uma produção que demanda investimentos para permanecer a operação. 
 
HL: A gente precisa de minério em tudo, né? Aqui nesse estúdio está cheio de minério. 
 
LP: A gente precisa de minério em tudo que a gente pensar.  
 
HL: A gente não vai ao supermercado comprar um saco de minério para comer, mas… 
 
LP: Mas ele está no nosso dia a dia, faz parte do nosso dia a dia, então às vezes as pessoas têm um pouco de dificuldade de entender a importância. Então o minério de ferro traz sim uma demanda de investimentos em projetos que a gente chama de sustaining, que é para garantir que aquelas plantas que estão operando continuem operando.  
 
HL: E o mercado externo também continua consumindo, né, a China. 
 
LP: É diretamente proporcional ao crescimento da população. 
 
HL: Mesmo que não esteja mais tão aquecido como antigamente, mas continua demandando. 
 
LP: Continua demandando, tanto que você vê os resultados das grandes empresas que produzem minério de ferro, são sempre resultados muito positivos. Eu acho que a questão de dizer que vai desaparecer, que vai acabar, é impossível, né, a gente acreditar em algo tão disruptivo. Claro que vão ter prioridades de investimento para aumentar a capacidade onde aquele projeto vai trazer maior retorno para o investidor, mas Minas Gerais continua produzindo e tendo diversos projetos, como eu estava dizendo, para poder encontrar soluções. 
 
HL: Porque o minério tem que ir cavando cada vez mais, ele pode estar ali na superfície, mas depois ele vai… tem que ter mais tecnologia, a Ausenco também tem essas tecnologias, essas propostas, né, para que ele fique sustentável e não encareça tanto a produção, não é? 
 
LP: Sim, o teor do minério vai reduzindo e aí você vai precisando ter plantas de beneficiamentos, de concentração, com maior eficiência. Então a gente começa a mexer um pouco na parte de processamento, e então tem espaço sempre para que você faça ajustes e continue produzindo. Aí a gente começa a fazer os cálculos para ver qual é a viabilidade do tamanho do investimento. 
 
HL: O custo de produção, mais a rentabilidade da tonelada… 
 
LP: Exatamente, você começa a fazer os trade-offs, que a gente chama, para poder concluir o que fazer, mas eu digo que a mineração sempre tem uma solução, a gente sempre tem uma solução de viabilizar. 
 
HL: E a gente vai sempre precisar dela, não tem outra saída.  
 
LP: É, o nosso Estado é muito rico, se a gente for falar em Minas Gerais, o Estado é muito rico, os teores que a gente tem e que a gente tinha são diferenciados. 
 
HL: Leonardo, a gente já está caminhando para o fim da conversa boa aqui, mas eu queria que você falasse também um pouco da sua experiência, o que você viu lá fora (do Brasil). Você já falou aqui que a gente não deixa nada a dever à experiência de outros países, como é essa visão sua, assim, do que você viveu, você foi pra fora primeiro e depois você voltou pra cá. O que que você viu lá fora, o que que você adaptou para cá e o que a gente ainda tem por fazer aqui, não é, nessa sua experiência toda? Conta um pouquinho para a gente. 
 
LP: Eu sou mineiro, nascido em Belo Horizonte e me orgulho muito da nossa cultura. 
 
HL: Estudou em Viçosa, né? 
 
LP: Estudei, fiz o Segundo Grau na Universidade Federal de Viçosa, depois me formei na UFMG em Metalurgia, e daí comecei, sempre trabalhei em empresas globais, então eu tive contato com várias culturas, trabalhei em empresas na Alemanha, no Reino Unido, na Áustria, enfim, na Europa, no Canadá, então eu tive contatos nesse Mundo dos projetos com diversas culturas e com formações, tanto acadêmicas como profissionais, diferentes, né, e o que eu posso dizer é o seguinte, é o conhecimento e a proximidade que a gente tem, quando a gente fala, por exemplo, de mineração, de projetos de mineração, ele mostra uma competência e uma formação de profissionais que estão no mundo inteiro. Então não é raro, pelo contrário, é muito fácil, você está viajando e vai encontrar um cliente, você começa a falar inglês, ele é brasileiro, começa a falar espanhol, ele é brasileiro, então isso mostra o tanto que o brasileiro e nós mineiros, quando a gente fala em mineração, em engenharia, sendo um hub de engenharia, estamos aí no mundo afora. 
 
HL: Têm mentes brilhantes no Brasil em todos os lugares. 
 
LP: Tanto no meio acadêmico como com grandes desafios em projetos, desenvolvimento de tecnologias, em pesquisa e desenvolvimento, a gente vê sempre os brasileiros e os mineiros aí bem posicionados.  
 
HL: E você acha importante isso? Assim, essa visão do brasileiro, você no comando de uma multinacional aqui no Brasil, essa visão de Brasil e como o brasileiro para comandar uma empresa com essa referência? Faz diferença isso? 
 
LP: Olha, faz diferença, porque tem um aspecto cultural, de novo, nós somos pessoas, engenheiros e o aspecto cultural muitas vezes não é entendido, então o australiano tem uma forma muito mais direta de se posicionar, às vezes é entendido como sendo agressivo, como o alemão às vezes também é, então essas características a gente tem que entender e observar. Então a questão cultural é importante, ela faz muita diferença, porque se você não consegue, em grandes empreendimentos, trabalhar de forma que você tem um time, né, você não vai conseguir o resultado final. Então essa integração de culturas e experiências, que é diversidade, de se adaptar rapidamente e entender que às vezes uma mensagem direta não é ofensiva, mas é porque é a forma que a pessoa se comunica, faz diferença. Entender, conversar… e tecnicamente também tem isso, a mesma engenharia que é feita na Índia, não é a mesma engenharia que é feita na Austrália, no Canadá ou no Brasil, tem particularidades, então essa experiência que eu tive a oportunidade de adquirir trabalhando em diversas empresas globais, hoje me ajuda muito a evitar vários conflitos, às vezes existem dentro da empresa, e conseguir encaixar as peças para que a gente consiga o melhor resultado. 
 
HL: O Brasil, comparado a outros países nessas experiências todas que você teve aí, tem muitos desafios ainda a superar ou a gente está num caminho bom? 
 
LP: Eu digo que a engenharia sempre tem desafios.  
 
HL: Não adianta ter só o produto ali, né, o minério, o mineral, o produto mineral. 
 
LP: Não adianta, a gente vai ter sempre pessoas por trás. Então os desafios continuam em formar profissionais que entendam o propósito e que tenham essa inspiração. Então, por exemplo, você vê, eu pelo menos sou apaixonado com engenharia, com mineração, com pessoas, com o business, eu adoro isso, e essa formação dos novos profissionais tem que dar essa visibilidade também e entender o propósito maior, eu acho que é o maior desafio de várias empresas, que muitas empresas tendem a… eu falo a fatiar o resultado, que é enxergar pontualmente o que cada área faz e não tem uma integração. 
 
HL: Está cada um num compartimento. Não dá mais. 
 
LP: São silos, né, que existem em algumas organizações. Então, eu acho que esse é um desafio que a gente vive, das pessoas se comunicarem menos é se isolarem mais e criar essa cultura dos silos, né. Eu faço até aqui, daqui pra lá a responsabilidade já não é mais minha. 
 
HL: É, eu não ganho para isso, eu deixo e o outro vai fazer… não é mais assim. 
 
LP: Então, eu acho que esse é o desafio que as pessoas e as organizações am hoje em dia. 
 
HL: Tem alguma nova fronteira que você está vendo aí já no mercado, um mineral que vai ser o must heavy aí para frente, e que a Ausenco já está tendo demandas? Dá para adiantar alguma coisa nisso aí? 
 
LP: Eu acho que a composição desses vários minerais que a gente está dizendo pode mudar, quando a gente fala, por exemplo, de baterias, você pode ter bateria com uma tecnologia A, B ou C, mas a demanda deles continua existindo. Terras raras, porque que terras raras no Brasil agora…  
 
HL: Virou a queridinha, né, antigamente era uma coisa tão distante. 
 
LP: Tão distante. Se você perguntasse para que se usa terra rara. 
 
HL: Ninguém sabia explicar. 
 
LP: A gente usa para fazer os super imãs. O que eu acho que pode acontecer é que no Brasil, principalmente, comece a ter um desenvolvimento do downstream, que significa agregar mais valor àquele material. Por exemplo, lá nas terras raras a gente produziu os super ímãs, e isso significa investimento em refinarias, em agregar mais valor. Eu acho que, no Brasil, essa pode ser uma tendência forte no médio prazo. 
 
HL: Essa tecnologia, buscar cada vez mais agregar para performar. 
 
LP: O próprio lítio, né, a gente vende o concentrado, pode fazer uma refinaria, então a gente pode sempre agregar mais valor, como no minério de ferro, a gente vende o minério de ferro, mas você pode vender o aço, agora a gente pode vender o briquete verde, então essa tendência de agregar mais valor ao produto, eu acho que ela vem forte. 
 
HL: É isso que vai ter cada vez mais demanda no mercado, né, não só aquelas commodities ali, aquele vagão ali, toneladas e toneladas. 
 
LP: Exatamente. 
 
HL: É isso que o mercado está querendo agora, que cada país já apresente um produto, não totalmente pronto, mas já bem encaminhado ali pra aplicar na indústria. É um baita desafio, Leonardo? 
 
LP: Sim, mas a gente já começa a perceber de alguns clientes a demanda para construção de refinarias, então quando eu estou dizendo para ele… 
 
HL: Para já mandar, já exportar o produto ali, não só minerar a coisa ali… e aí a refinaria já é um outro processo, já é uma outra tecnologia, já é um outro projeto para a Ausenco, né? Quer dizer, o mercado está aí com muita coisa para conquistar, né? 
 
LP: Por isso que os investidores estão sempre de olho no Brasil. 
 
HL: Que legal isso, é muito bom! 
 
LP: Isso é um ciclo muito positivo que a gente consegue enxergar agora para os próximos anos. 
 
HL: E aí você tem que estar com a saúde em dia. Você faz alguma coisa para manter a saúde em dia? Como é que está a sua rotina? 
 
LP: Faço. Eu digo que sou atleta, mas eu tento ser um atleta. Eu sou montanhista, então eu tento me preparar para os desafios, eu sempre tenho uma meta. 
 
HL: Que é usada também no dia a dia como gestor, né? 
 
LP: Como executivo eu sempre precisei ter, então eu crio metas. Ah, vou escalar uma montanha de 7.000m… 
 
HL: Já foi lá no Everest? 
 
LP: Já estive no campo base do Everest. Já escalei nos Himalaias, 2 anos atrás eu estive numa montanha que tem 8.500 m de altitude, só que eu não consegui chegar no cume. Ano ado eu estive no Quirguistão para escalar uma montanha de 7.100 m. 
 
HL: Nossa, e aí tem que ter um baita de um planejamento para conseguir chegar lá em cima, é um projeto. E isso aí você coloca no seu dia a dia como gestor. 
 
LP: Na minha agenda, esse treinamento está encaixado e serve como uma preparação, tanto psicológica, né, um descanso mental daquilo que é o meu trabalho do dia a dia, e é uma preparação também para a saúde, para manter um nível de saúde. 
 
HL: E para as adversidades também numa montanha, não é? Você vai sentir frio, fome, sede, como que o organismo vai lidar com todas essas pressões, né? 
 
LP: Exatamente. 
 
HL: Nossa, mas é muito legal isso. Já tem muito tempo que você pratica o montanhismo?  
 
LP: Comecei em 2008. 
 
HL: Ah, então você já está profissional, né. Já ou muito aperto também? 
 
LP: Já ei, já aprendi muito (risos). Já fiz análise de viabilidade, fui achando que dava, aí tive que refazer os cálculos. 
 
HL: (risos) Fez licença prévia de operação de instalação. 
 
LP: (risos) Já fiz, já fiz. 
 
HL: Muito bom. Leonardo, quero te agradecer por essa conversa, muito aprendizado, é uma nova fronteira que a gente vai vendo aí novos projetos e que a Ausenco seja uma marca cada vez mais constante nesses projetos que estão melhorando a nossa economia, não só de Minas, do Brasil e do Mundo. Parabéns, viu. Muito obrigada pela entrevista. 
 
LP: Muito obrigado você!