Práticas populares envolvendo a imagem de Santo Antônio se intensificam com a proximidade do dia 13 de junho, data em que a Igreja Católica celebra o santo. Conhecidas principalmente por buscar ajuda em questões amorosas, estas tradições incluem rituais como colocar a imagem do santo no congelador ou virá-la de cabeça para baixo, especialmente às vésperas do Dia dos Namorados, celebrado em 12 de junho.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, existe uma distinção entre estas práticas populares e o que é considerado como verdadeira devoção religiosa. Os ensinamentos oficiais advertem que atribuir eficácia apenas à materialidade das orações ou sinais sacramentais, sem considerar as disposições interiores do fiel, constitui superstição.
Tradições populares e suas origens
As tradições populares relacionadas a Santo Antônio incluem diversos rituais considerados formas de "castigar" o santo quando ele demora supostamente a atender pedidos relacionados a relacionamentos amorosos. Entre as práticas mais comuns estão colocar a imagem na geladeira; virá-la para a parede após remover o Menino Jesus de seu colo; ou posicioná-la de cabeça para baixo em recipientes com água, ou cachaça; até que o pedido seja atendido.
Segundo o padre Antônio Furtado, do Convento da Penha, no Espírito Santo, estas práticas populares não têm fundamento teológico. "Não existe isso de castigar santo. Isso é uma prática que não tem nada a ver com a fé católica. Os santos são nossos intercessores junto a Deus, não são pessoas que a gente castiga", explica o religioso.
Como funciona o ritual de 'castigar' o santo
O ritual típico de "castigar" Santo Antônio envolve utilizar uma pequena imagem do santo, expressar verbalmente os desejos amorosos e então aplicar o "castigo". Esta tradição representa, no conhecimento popular, uma forma simbólica de intensificar o desejo de encontrar um par e mobilizar energias associadas ao amor.
A crença sugere que posicionar a imagem do santo de cabeça para baixo ou em um copo com água o incentivaria a atender mais rapidamente às súplicas dos devotos. Após o atendimento do pedido, a tradição recomenda desfazer o castigo, expressar gratidão e posicionar a imagem em local especial.
Para os praticantes dessas simpatias, Santo Antônio representa um aliado dos apaixonados, embora a tradição popular enfatize que, além do gesto em si, a intenção e a confiança do devoto são elementos fundamentais no processo.
"Essas práticas são manifestações da religiosidade popular que se distanciam do verdadeiro culto aos santos", afirma o padre Antônio. Ele ressalta que a verdadeira devoção consiste em conhecer a vida do santo e seguir seu exemplo de virtude e santidade. "Santo Antônio foi um grande pregador, um homem de oração, um homem que viveu intensamente o Evangelho. É isso que devemos imitar nele, não fazer simpatias que não têm fundamento na fé católica."
O padre Antônio Furtado sugere que, em vez de recorrer a essas práticas supersticiosas, os fiéis busquem conhecer melhor a vida e os ensinamentos de Santo Antônio. "A melhor forma de honrar um santo é seguir seu exemplo de vida cristã e suas virtudes, não através de simpatias ou castigos que contradizem o verdadeiro sentido da fé", conclui.
Quem foi Santo Antônio
Nascido em Lisboa, Portugal, com o nome de Fernando, no final do século XII, Santo Antônio ficou conhecido como pregador extraordinário e realizador de curas milagrosas. Suas pregações atraíam multidões, mas seu foco principal estava em incentivar os fiéis a abraçarem a cruz para alcançar o Reino dos Céus, em vez de se apegarem apenas a milagres e curas físicas.
As comemorações juninas frequentemente incorporam referências ao santo, cuja data festiva ocorre em 13 de junho. Por isso, o santo é muito lembrado durante as festividades deste mês.