Andrea Valdelamar/Latinoamérica21

A cooperação em segurança e defesa entre a Europa e a América Latina ganhou um novo impulso diante dos crescentes desafios geopolíticos e ameaças transnacionais. A defesa da democracia, a segurança cibernética, a desinformação e o crime organizado são alguns dos desafios compartilhados que exigem uma resposta coordenada.

A designação da Embaixada da Alemanha na Colômbia como a embaixada de contato da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para a América Latina representa uma oportunidade estratégica para consolidar esse relacionamento.

Democracia e autoritarismo

A defesa dos valores democráticos é um pilar central da cooperação entre a Europa e a América Latina. A disseminação de regimes autoritários e a erosão das instituições democráticas na região latino-americana fizeram soar o alarme na comunidade internacional.

A defesa da democracia pela Europa tem sido articulada por meio de iniciativas como a Política Europeia de Vizinhança e programas de apoio a instituições democráticas. Para fortalecer essa cooperação, é essencial implementar mecanismos para monitorar e sancionar os atores externos que interferem nos processos democráticos. Da mesma forma, a criação de plataformas para o diálogo político pode facilitar o desenvolvimento institucional.

O apoio às organizações da sociedade civil e aos meios de comunicação independentes ajudará a consolidar uma narrativa democrática e a combater a influência de agentes autoritários. Um desafio adicional vem da crescente influência da China e da Rússia na região. O investimento chinês em setores estratégicos, como mineração, telecomunicações e energia, pode afetar a estabilidade institucional e política. A presença militar e tecnológica da Rússia acrescenta uma dimensão geopolítica complexa que exige uma resposta estratégica coordenada.

Cibersegurança e desinformação

No ambiente digital de hoje, as ameaças à segurança cibernética e a desinformação desestabilizam as democracias e corroem a confiança pública. A América Latina tem sido alvo de campanhas de desinformação lideradas por atores estatais e não estatais, muitas vezes ligados a interesses geopolíticos externos. Um exemplo claro dessa dinâmica é a disseminação de notícias falsas durante os processos eleitorais na Colômbia e no Brasil. Isso gerou uma profunda desconfiança nas instituições e contribuiu para a polarização política e social.

Para enfrentar esse desafio, a cooperação com a Europa pode se concentrar no intercâmbio de tecnologia e melhores práticas para a proteção de infraestruturas críticas. A criação de mecanismos conjuntos para identificar e combater campanhas de desinformação permitirá o desenvolvimento de respostas mais rápidas e eficazes a ataques cibernéticos e campanhas de manipulação.

Da mesma forma, a criação de capacidades nacionais e regionais de defesa cibernética fortalecerá as estruturas de segurança digital na América Latina. A OTAN identificou a segurança cibernética como uma prioridade para a cooperação com a Colômbia. A embaixada da Alemanha como embaixada de contato poderia facilitar a transferência de tecnologia e o treinamento especializado, fortalecendo as capacidades de defesa cibernética na região.

Crime organizado transnacional

O tráfico de drogas, o tráfico de pessoas e o contrabando de armas, entre outros, representam um desafio compartilhado pela América Latina e pela Europa. A experiência da Colômbia no combate ao tráfico de drogas e à insurgência armada a posiciona como um parceiro estratégico da OTAN e da UE.

O tráfico de drogas para a Europa aumentou nos últimos anos e levou as agências de segurança europeias a buscar uma cooperação mais estreita com a Colômbia. Com que objetivo? Para interromper as rotas do tráfico de drogas e enfraquecer as redes criminosas que operam em ambos os continentes. Operações conjuntas e capacidades de inteligência reforçadas são fundamentais para reduzir o impacto do crime organizado e melhorar a segurança transatlântica.

A Colômbia como sócio OTAN

Desde sua designação como sócio global da OTAN em 2017, a Colômbia consolidou seu papel como aliado estratégico por meio de exercícios militares conjuntos e missões de paz. A embaixada da Alemanha, como ponto de contato, possibilitará a expansão da cooperação na região. Além disso, ela poderá promover uma abordagem de segurança abrangente que combine defesa militar e segurança cidadã.

A cooperação trilateral entre a América Latina, a Europa e a OTAN também pode ser ampliada para operações de manutenção da paz e resposta a crises. A experiência da Colômbia em cenários complexos, juntamente com as capacidades logísticas e estratégicas da OTAN, permitirá o desenvolvimento de uma arquitetura de segurança mais robusta e efetiva na região

Perspectivas de cooperação estratégica

A cooperação em segurança e defesa entre a Europa e a América Latina deverá ser um componente fundamental das relações transatlânticas na próxima década. A presença crescente da China e da Rússia na região fez com que os atores europeus procurassem consolidar sua influência por meio de mecanismos de segurança e cooperação econômica. O conceito de friend-shoring, que envolve a transferência de cadeias de suprimentos para países aliados, oferece uma oportunidade de fortalecer a cooperação em segurança e defesa.

A experiência da Colômbia na luta contra o crime organizado e o tráfico de drogas, juntamente com o apoio estratégico da OTAN, posiciona o país como um parceiro fundamental no desenvolvimento de uma arquitetura de segurança regional. A cooperação em segurança também poderia ser estendida à segurança ambiental. Nessa área, a Colômbia e a OTAN poderiam desenvolver protocolos conjuntos para lidar com ameaças climáticas e desastres naturais, aproveitando a experiência da OTAN na resposta rápida a crises humanitárias.

Oportunidade para ambas as regiões

A Europa e a América Latina enfrentam desafios comuns de segurança e defesa que exigem uma cooperação estratégica mais profunda. A defesa da democracia, a cibersegurança, a luta contra o crime organizado e a estabilidade regional são áreas em que a experiência da Colômbia e o respaldo da OTAN podem fazer uma diferença substancial. A designação da embaixada da Alemanha como embaixada de contato da OTAN na Colômbia é uma oportunidade para fortalecer essa cooperação e consolidar uma aliança transatlântica mais robusta e efetiva.

(*) Andrea Valdelamar tem mestrado em segurança e defesa nacional pela Escuela Superior de Guerra e é cientista política na Pontificia Universidad Javeriana. Graduada no Curso Integral de Defesa Nacional. Atualmente, é coordenadora de projetos da Fundação Konrad Adenauer na Colômbia. É fundadora da ATHENA, uma rede de mulheres em segurança e defesa.

Tradução automática, revisada por Giulia Gaspar.