Antes mesmo do início do ano legislativo na Câmara Municipal de Belo Horizonte, a direita já mostrou ao que veio – com vários projetos de lei apresentados nas últimas semanas, o campo político, principalmente representado pelo PL, vem desenhando uma batalha nos costumes, enquanto a esquerda promete reagir na Casa. Dentre os projetos propostos pela bancada do PL, estão a proibição do funk em escolas municipais, proibição de shows que fazem apologia ao uso de drogas e facções criminosas em Belo Horizonte e autorização de segurança armada nas escolas da capital.
O vereador Vile Santos (PL) avalia que o debate de costumes é permitido na Câmara devido a uma configuração mais conservadora da Casa nesta legislatura. “Temos uma câmara mais conservadora e acredito que é um ótimo momento para podermos avançar com essas pautas. A gente vai avançar com todas essas pautas, que são da nossa agenda, e é o que nosso público espera. Da minha parte, e acredito que também da parte do PL, pode-se esperar mais pautas de costumes”, destaca o vereador.
Mais votado da história de BH, Pablo Almeida (PL), por sua vez, afirma que sua atuação será mais ampla do que somente focada na pauta de costumes. Ele ressalta já ter protocolado cinco projetos de lei, mais de 300 requerimentos, quatro indicações e cinco pedidos de informação direcionados à Prefeitura de Belo Horizonte. “Essa cidade não ficará mais órfã de um representante que no plenário da Câmara irá defender os princípios e valores cristãos, que pavimentaram a nossa sociedade, e que fora do plenário, estará nas ruas de BH conversando com a população, entendendo as demandas e buscando soluções para os problemas da cidade”, declara o parlamentar.
Um dos poucos projetos da esquerda voltados para a batalha pelos costumes foi apresentado pelo vereador Pedro Rousseff (PT), que quer homenagear a advogada Eunice Paiva, que inspirou o filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, com um nome de rua em Belo Horizonte. O projeto foi protocolado na última quinta (23 de janeiro), dia quando o longa recebeu três indicações ao Oscar 2025. Atualmente, a rua localizada no Barreiro carrega o nome de Costa e Silva, segundo presidente do período da ditadura militar. Outros são o estabelecimento de um ensino “anti-fake news” nas escolas da capital e a vedação de condenados no 8 de janeiro no poder público.
Considerados como “projetos de internet” e “eleitoreiros” pela bancada de esquerda, os textos serão combatidos por parlamentares dos partidos do campo político na Casa, segundo dois vereadores ouvidos pela reportagem. Pedro Rousseff (PT) afirma que a direita está “vindo com tudo”, mas que a esquerda também está. “Não vamos deixar brecha, não vamos deixar ar nada das pautas conservadoras, das pautas reacionárias, que querem limitar as nossas liberdades em Belo Horizonte, que querem limitar o potencial da nossa cidade. Tudo aquilo que for prejudicial, nós vamos trazer o povo para dentro, vamos fazer o debate, não vamos deixar ar nada”, afirma o vereador. Ele ainda diz que a esquerda não vai “baixar a cabeça” nem “terá medo” da direita na Casa.
Líder da bancada do PT na Câmara, Pedro Patrus garante que o campo político está “de olho” e analisando todos os projetos de lei da direita, mas pontua que a esquerda vai focar também em problemas tidos como “reais” da cidade. “(São) projetos que nós identificamos como projetos eleitoreiros, projetos de lacração de internet. Mas nós vamos combater, como vamos combater todos esses projetos ruins da direita na Câmara. Mas nossa única preocupação é com a cidade, mas estamos preocupados com a população em situação de rua, com a questão da assistência social, do meio ambiente, nós estamos preocupados com as chuvas que estamos vivenciando em BH, o aquecimento global”, afirma.